Dados Reais

O Motor Invisível da Série B

Vamos cortar o barulho. Após revisar 60 jogos da Série B, após a 12ª rodada, uma verdade emerge: os resultados nem sempre refletem o desempenho. Com mais de 134 gols marcados e quase metade dos jogos terminando em empates apertados (1-1 ou 0-0), não estamos apenas vendo futebol — estamos testemunhando uma anomalia estatística.

Passei cinco anos criando modelos preditivos para o BT Sport e mesmo assim fiquei surpreso com a variação entre gols esperados (xG) e resultados reais. Veja aquele massacre de 4-2 do time de Sandro Jr. contra o Volta Redonda — parecia domínio no papel até verificar o gráfico xG. Seu valor esperado? Apenas 1,79. Mas marcaram quatro.

Spoiler: às vezes a sorte vence a lógica.

Quando a Defesa Vence a Batalha… Mas Perde a Guerra

Disciplina defensiva é rei na segunda divisão brasileira — mas nem todas as defesas seguem o mesmo manual.

Considere Paranáense vs Cruzeiro: uma limpa em casa com apenas um chute ao gol adversário? Impressionante. Mas seu xA (assistências esperadas) foi de 0,85 — ou seja, nenhum perigo real criado ofensivamente apesar do controle. Isso não é defesa; é sobrevivência.

Do outro lado, o Goyânia Atlético mostrou como deve ser uma defesa estruturada: menos de três chutes sofridos por jogo, alta precisão nos passes (>88%) e pressionamento eficaz nas transições — ainda assim só uma vitória em cinco partidas porque sua taxa de conversão estava miserável (7%).

Meu veredito: boa defesa conquista pontos; grande defesa conquista promoção.

A Ascensão dos Underdogs e Anomalias Estatísticas

Seja direto: se você apostou no favoritismo antes da 12ª rodada da Série B, perdeu dinheiro.

Veja Amazonas FC vs Criciúma: ambos no fundo da tabela no xG médio por partida no início da temporada, mas o Amazonas conseguiu duas vitórias ao explorar defesas frágeis em bolas paradas (concederam média de 0,96 gols por bola parada). Já o Criciúma tinha posse perfeita… mas não conseguia converter chances além dos seis primeiros minutos do jogo.

É por isso que rastreio a eficiência na ‘janela de pressão’ — quantas vezes marcam nos primeiros dez minutos após recuperar a posse perto da metade do campo?

Adivinhe quem lidera? Ferroviária, com incríveis 43% nesse indicador contra média geral abaixo dos 25%.

Eles não são chamativos — são cirúrgicos.

E Agora? Previsões Baseadas em Padrões, Não em Hype

Com jogos-chave como Mines Gerais vs Avaí chegando na próxima semana, aqui está o que meu modelo diz:

• Avaí tem organização defensiva sólida fora de casa — zero gols sofridos nos últimos três jogos longe do estádio;
• Mines Gerais tem tendência explosiva no primeiro tempo: oito gols antes do intervalo nos últimos quatro jogos;
• Somado ao prognóstico climático com céu limpo e gramados secos para quarta-feira à noite… 👉 Minha previsão? Uma vitória 2–1 do Mines Gerais, provavelmente decidida nos primeiros trinta minutos. Não confie nos comentaristas que gritam “Avaí vai dominar!” Ouça os dados — porque números não mentem… mesmo quando parecem absurdos.