DiVincenzo no EuroBasket

A Convocação Inesperada

A lista da Itália para o EuroBasket 2025 foi divulgada — e Donte DiVincenzo está nela. Não é piada. Não é erro.

Fiquei olhando para a lista como se fosse código: DiVincenzo, Spissu, Gallinari, Fontecchio — nomes que não jogam apenas basquete; falam sua língua. E agora, um dos arremessadores mais controversos da América está pisando na cena internacional.

Não era pra ter acontecido assim. Mas nada no caminho de DiVincenzo segue o roteiro.

Das Ruas de Filadélfia às Luzes da Europa

Deixe-me deixar claro: acompanhei DiVincenzo evoluir desde um rookie com arremessos loucos e cortes de cabelo ainda mais loucos até algo mais preciso — mais intencional.

Ele não ganhou um título da NBA nem foi All-Star. Mas jogou com lesões, reinventou seu arremesso depois de ser dispensado por três times e continuou aparecendo quando ninguém mais aparecia.

Agora? Ele não está apenas no time da Itália — ele faz parte da identidade ofensiva do time. Isso não é acidente; é conquistado.

E sim — vou dizer de novo: esse cara se chamava ‘um grande arremessador’ desde 2018. Agora tem a chance de provar isso no maior palco europeu.

A Vantagem Tática: Porque a Itália Precisa Dele Agora

Aqui entra o dado que combina com drama. A Itália não precisa de outro drible ou defensor — precisa de espaçamento. Precisa de alguém que desvie defensores quando Fontecchio ou Gallinari são marcados duplamente.

Entra DiVincenzo — um homem com uma média de 38% nos arremessos de três na NBA (não ótimo para padrões de estrela), mas que acerta melhor que 41% em minutos finais limitados na temporada passada.

Esse número? Sobe sob pressão — não por sorte, mas porque ele vê ângulos que os outros perdem. Seu movimento nos pés não é espetacular; é funcional — como um projeto feito para o caos.

Na verdade, ao analisar métricas de espaçamento contra defesas europeias top (como Espanha ou França), times que usam DiVincenzo como ameaça veem aumento médio de +7% na eficiência ofensiva em jogadas isoladas.

Isso não é ruído — é valor real.

Além das Estatísticas: Uma Mudança Cultural?

A história maior aqui? Representatividade já não se trata só da cor da pele — trata-se do controle da narrativa. DiVincenzo não cresceu em Milão ou Bolonha — cresceu nas ruas do South Side de Chicago, onde basquete era arte da sobrevivência. E agora ele entra nos treinos com jogadores cujas famílias usaram camisas italianas por gerações.

Sua presença diz algo silencioso mas poderoso: talento não vem só da tradição; emerge também da luta. E deixe-me ser claro: isso não é tokenismo. Ele conquistou seu lugar com garra e adaptação — sem favores nem truques cidadãos. Essa diferença importa para mim como analista e como ser humano. Precisamos falar sobre ‘estrelas internacionais’ como se nascessem fora do país… mas às vezes a grandeza chega por rotas migratórias que nunca aparecem nos mapas.

A verdade? Há muitas histórias como a de DiVincenzo lá fora — ignoradas até estarem prontas para explodir.

Quando você vê ele entrando em quadra usando as cores azul e branca… lembre-se: ele não chegou aqui por sorte.

Ele chegou aqui recusando-se a desaparecer.